segunda-feira, 28 de junho de 2010

O futuro das baleias está em perigo



Na última sexta-feira (25), a reunião da Comissão Baleeira Internacional (CBI), formada por países oponentes e defensores da caça de baleias, em Agadir, Marrocos, terminou sem acordo. Um “plano de paz”, documento que vinha sendo preparado há dois anos com propostas que agradassem os dois lados, foi engavetado e os participantes decidiram “esfriar as negociações por um ano (a próxima reunião é só em setembro do ano que vem).

O intuito original era permitir o abate destes animais ao longo dos próximos dez anos, mas estabelecendo cotas de captura menores do que as praticadas hoje. A proposta era defendida pelos países latino-americanos, com o apoio da Austrália e de uma única nação europeia, Mônaco. Do lado das nações baleeiras, que incluem Islândia e Noruega, o principal representante é o Japão.

Os representantes japoneses concordaram em diminuir a cota de 935 baleias caçadas por ano hoje para duzentas em 2020, mas a oferta não foi aceita. Por outro lado, os participantes exigiam que o programa de pesca na Antártida fosse suspenso dentro de um prazo definido de tempo, com o que o Japão não concordou.

Um dos motivos pelos quais os ambientalistas temem a volta da captura das baleias é o fato de que as jubartes deixaram oficialmente o status de ameaçadas de extinção há dois anos. Para Patrick Ramage, chefe do programa de baleias do Fundo Internacional para o Bem-estar Animal (IFAW), “nesse período [de ‘esfriamento’ das negociações], os baleeiros estarão ocupados, caçando suas presas”, afirmou.

Turismo

Ao invés de caçá-las, os países baleeiros poderiam explorar o potencial turístico da observação de baleias (ou, na classificação da CBI, “exploração não letal de baleias”). O ministro australiano da Ecologia, Peter Garret, informou na reunião que mais de 13 milhões pessoas observaram os cetáceos em 119 países, gerando dois bilhões de dólares.

O centro de pescas da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, afirma que a atividade pode gerar 24 mil empregos no mundo. A CBI anunciou que será desenvolvido um plano estratégico sobre o desenvolvimento da observação, que avaliará e reduzirá os impactos sobre as baleias, além de ajudar os pequenos países a ter melhores condições para promover a atividade.

Veja também: Folha.com - Ouça o canto das baleias


Saúde

Um relatório divulgado na última quinta (24) por cientistas americanos mostra que cachalotes estão sendo contaminadas por metais tóxicos vindos de todas as partes do oceano, como cádmio, alumínio, cromo, chumbo, prata, mercúrio e titânio. A vida marinha, bem como a das pessoas que consomem frutos do mar, também está ameaçada. O estudo recolheu amostras de cerca de mil baleias durante cinco anos e foi conduzido pelo biólogo Roger Payne, presidente da organização Ocean Alliance.

A despeito dos riscos para a saúde, o comissário japonês na CBI, Joji Morishita, declarou (sob risos): “Os idosos do Japão são longevos e saudáveis. De longe, a população idosa do Japão é a que mais consome carne de baleia. Uma coisa pode muito bem estar ligada à outra”.

Permissão

Pela primeira vez desde 1986, um país foi autorizado a explorar a caça comercial das baleias jubarte, a Groenlândia. O país alega que a caça é essencial para a sobrevivência de seus povos indígenas. No entanto, há controvérsias. “Até onde sei, os groenlandeses dificilmente estão passando fome. Trata-se de uma população com alta renda per capita e com acesso a vastos recursos pesqueiros”, disse o representante de Mônaco na CBI.

Com informações de BBC Brasil via G1, Associated Press via Estadão, Folha.com [1, 2] e Yahoo! via AmbienteBrasil, O Estado de S. Paulo e Folha.com.

Foto: Reprodução

domingo, 20 de junho de 2010

Brasil pode reduzir emissões e continuar crescendo


Preservação do meio ambiente conciliada com o desenvolvimento econômico é um desafio? Sim. Mas é possível. Embora demande grandes investimentos (725 bilhões de dólares), o Brasil pode diminuir as emissões de carbono em cerca de 40% até 2030 – redução de 29 para 11 bilhões de toneladas, o equivalente a retirar de circulação, por três anos, todos os carros do mundo – trazendo não só melhoria na qualidade de vida da população como retorno financeiro para as indústrias.

O caminho para se chegar lá está no relatório “Estudo de Baixo Carbono para o Brasil”, lançado pelo Banco Mundial na última quinta-feira (17). O documento traz uma série de sugestões que se aplicam às áreas de energia, transportes, manejo de resíduos e mudança de uso do solo – esta última envolve agricultura e desmatamento, responsáveis por 75% das emissões brasileiras.

Segundo a Revista Época, o estudo é fruto de um trabalho que levou mais de um ano para ser completado, envolvendo 70 especialistas brasileiros de universidades e centros de pesquisa, além de representantes do governo. O montante necessário para as mudanças poderia vir do setor privado, de acordo com o coordenador do relatório, Christophe de Gouvello, mas também serão necessários recursos públicos.

“Aí vem toda a questão da responsabilidade dos países industrializados, em como eles podem ajudar os países em desenvolvimento a não passar pelos mesmos caminhos que percorreram”, disse Gouvello. Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, pensa da mesma forma: “O mundo desenvolvido é responsável pela maior parte [das emissões globais], e precisa contribuir direta e proporcionalmente para solucionar o problema”. A ministra afirmou que as emissões brasileiras, em 2005, representavam apenas 6,6% do total global.

O diretor do Banco Mundial para o Brasil, Makhtar Diop, reconhece que reduzir as emissões é um desafio em termos de planejamento e financiamento, mas disse que isso pode levar a resultados positivos para a economia, como o crescimento do Produto Interno Bruto e do emprego. Para Diop, “não fazer nada seria bem mais custoso”.

O que pode ser feito?

Na área de agricultura e desmatamento, o Brasil deve continuar protegendo a floresta e tornar a agricultura mais eficiente. O relatório prevê que a derrubada de árvores pode ser reduzida em 68%. Na área de energia, as indústrias podem investir em combustíveis menos poluentes para suas caldeiras, como biomassa. A eficiência das refinarias de petróleo pode ser aumentada e o país deve investir em energia eólica. Já o etanol brasileiro pode ser exportado e reduzir as emissões globais.

Em relação aos transportes, podem ser feitos investimentos no transporte público, principalmente em linhas de metrô e ônibus expresso, que diminuem os congestionamentos e melhoram a qualidade do ar. Também devem ser incentivados o uso dos transportes aquaviário e ferroviário. E na categoria manejo de resíduos, a recomendação é melhor planejamento e mais investimento para aterros e outros serviços de coleta e processamento.

Com informações de Revista Época, Banco Mundial, Agência Estado, Rádio ONU via Jornal Feira Hoje e Agência Brasil via Exame.

Foto: R. Motti/Flickr

domingo, 13 de junho de 2010

Novo Código Florestal: ambiente em perigo?

As mudanças podem aumentar o desmatamento, legalizar a situação dos produtores rurais e liberar bilhões de toneladas de carbono na atmosfera, segundo organizações e deputados.

Flagrante de queimada na Amazônia. (Foto: Greenpeace)

ATUALIZAÇÃO (14 de junho): participe da campanha da Avaaz contra as mudanças no código.

ATUALIZAÇÃO 2 (20 de junho): a votação foi adiada para esta segunda (21). 

ATUALIZAÇÃO 4 (21 de junho): a votação foi adiada para a próxima segunda (28).

ATUALIZAÇÃO 6 (8 de julho): a comissão que avalia as mudanças aprovou a proposta do deputado Aldo Rebelo nesta terça (6 de julho). A votação em Plenário deve ocorrer apenas após as eleições. Fonte: Planeta Sustentável.

Foi realizada na Câmara dos Deputados, na semana passada (8 de junho), a leitura de um relatório que propõe mudanças no Código Florestal brasileiro. O texto é alvo de forte polêmica entre as bancadas ruralista e ambientalista. Os deputados têm até a semana que vem para analisar as mudanças. As principais propostas são:

- Permitir que os estados realizem seus Zoneamentos Ecológico-Econômicos (plano que define o uso da terra em cada região). Na prática, isso permitirá que cada estado diminua as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e reservas legais obrigatórias para preservação nas propriedades rurais.

- Isentar pequenos produtores rurais com propriedade de até quatro módulos (em torno de 400 hectares, segundo o Greenpeace) da obrigatoriedade de cumprir os percentuais de reserva legal.

- Permitir que médios e grandes proprietários façam compensações em áreas de preservação coletiva, a serem definidas pelo Estado. Isso legaliza a situação de 90% dos produtores rurais brasileiros, segundo o relator da Comissão Especial do Código Florestal, deputado Aldo Rebelo (PC do B/SP).

- Diminuir a área mínima de mata ciliar a ser mantida pelos agricultores para 15 metros (hoje o mínimo é de 30 metros), podendo cair para 7,5 dependendo da definição de cada estado.

Segundo políticos e ONGs, o novo código incentiva o desmatamento. Para o deputado Sarney Filho (PV/MA), boa parte das ligações entre trechos de florestas isolados são feitas pelas matas ciliares. Com a diminuição destas matas, o tráfego de seres vivos diminui e a biodiversidade fica ameaçada.

Para o ambientalista André Lima, presidente do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o projeto é um retrocesso, uma vez que transfere toda a responsabilidade pela preservação ambiental exclusivamente para o poder público e “anistia todos os desmatadores que devastaram o meio ambiente até 2008”.

O Greenpeace, em parceria com o Ipam, calcula que as mudanças na lei podem provocar um aumento nas emissões de carbono na Amazônia em 31,5 bilhões de toneladas, sete vezes maior que a meta de redução do governo brasileiro para 2020.

O ex-ministro do Meio Ambiente, deputado estadual Carlos Minc (PT/RJ), disse que o relatório vai permitir um aumento em até 80 milhões de hectares de desmatamento. Ele também afirmou que os ruralistas estão “aproveitando pontos que precisam ser aperfeiçoados para provocar pânico no setor, como se a lei atual inviabilizasse a produção agrícola”, e que “estudos científicos mostram que é possível dobrar a produção no Brasil sem se avançar sobre novas áreas verdes”.

A também ex-ministra do Meio Ambiente e atual candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva, declarou que o relatório é um retrocesso em relação a 20 anos de legislação, por flexibilizar “as regras de proteção do meio ambiente”. Para Marina, as propostas são um “discurso fácil para agradar bases eleitorais”. “Fazer essas alterações num período eleitoral é reprovável porque o objetivo não deve ser dos melhores”, criticou.

ATUALIZAÇÃO 3 (20 de junho): Aldo Rebelo diz que “a agricultura não tem relação com as mudanças climáticas”. Leia a entrevista dele para o Blog do Planeta da Revista Época.

ATUALIZAÇÃO 5 (21 de junho): Leia a matéria do Estadão - Código Florestal pode abrir guerra ambiental, diz Ministra

Com informações do Globo Amazônia, G1, Agência Estado, Greenpeace e Globo Rural.

sábado, 5 de junho de 2010

Mensagem da ONU no Dia Mundial do Meio Ambiente



(Texto escrito por Ban Ki-moon, Secretário Geral das Nações Unidas)

Biodiversidade, a incrível variedade de vida na Terra que nos sustenta, está em pergo. Espécies estão se extinguindo no mais rápido ritmo já registrado. A maioria destas extinções estão associadas a atividades humanas que estão poluindo e esgotando recursos hídricos, mudando e degradando habitats e alterando o clima global. De sapos a gorilas, de enormes plantas a minúsculos insetos, milhares de espécies estão correndo riscos.

O tema do Dia Mundial do Meio Ambiente [World Environment Day, WED, na sigla em inglês] deste ano, "Muitas Espécies. Um Planeta. Um Futuro", faz coro ao chamado do Ano Internacional da Biodiversidade para interromper esta extinção em massa e aumentar a conscientização sobre a importância vital dos milhões de espécies que habitam o solo, as florestas, os recifes de coral e as montanhas do nosso planeta. Nossa saúde, bem-estar e o futuro da sustentabilidade dependem desta intricada e delicada rede de ecossistemas e vidas.

O anfitrião global da celebração do WED 2010 é Ruanda. Esse pequeno país na região dos Grandes Lagos da África está rapidamente ganhando a reputação de um pioneiro verde. Lar de 52 espécies ameaçadas, incluindo o raro gorila da montanha, Ruando está mostrando como a sustentabilidade ambiental pode caminhar lado a lado com o crescimento econômico de um país. Apesar de seus muitos desafios, como a pobreza e vasta degradação do solo, a "terra de mil colinas" está trabalhando para reflorestar, abraçar energias renováveis, buscar a agricultura sustentável e desenvolver uma visão verde para o futuro.

Esse ano, Kigali [capital da Ruanda] será o coração de uma celebração global, multicultural e intergeracional de nosso planeta, suas milhões de espécies e as incontáveis formas na qual a vida na Terra está interligada. No Dia Mundial do Meio Ambiente, faço um apelo a todos -- de Kigali a Canberra, de Kuala Lumper a Quito -- para nos ajudar a soar o alarme. Envolva-se, fale. Aprenda e ensine outros. Mostre liderança e ajude a limpar. Reconecte-se com a natureza, nossa força vital. Juntos, podemos desenvolver uma nova visão para a biodiversidade: Muitas Espécies. Um Planeta. Um Futuro.

Traduzido do site oficial do WED.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

World Challenge: prêmio mundial para iniciativas populares

Falta pouco: o prazo das inscrições vai até 13 de junho

A competição World Challenge (Desafio Mundial), realizada pela rede de televisão BBC World News, revista Newsweek e Shell, identifica e premia pessoas e grupos que trazem benefícios econômicos, sociais e ambientais para suas comunidades locais. O objetivo é encontrar projetos e pequenos negócios ao redor do mundo que tenham mostrado empreendedorismo e inovação em nível popular.

Desde seu início, em 2005, a competição atraiu cerca de 4.000 indicações de uma média de mais de 100 países a cada ano. Mais de 400.000 votos foram registrados no site do World Challenge e apoio financeiro foi concedido a 15 projetos em todo o mundo.

O prazo para inscrições está no fim: as indicações devem ser feitas no site oficial até o dia 13 de junho de 2010. O projeto vencedor receberá 20.000 dólares da Shell, enquanto dois finalistas receberão 10.000 dólares cada para ajudar a desenvolver suas iniciativas.

Na sequência do processo de indicações, um painel de juízes especialistas vai selecionar as 12 inscrições que considerem ser as mais inovadoras e que façam os maiores investimentos socioambientais em suas comunidades.

A BBC World News vai transmitir seis programas de 30 minutos em outubro e novembro, apresentando os finalistas. A Newsweek vai acompanhar o conteúdo destes programas em uma série de seis partes com informações especiais sobre os finalistas. Telespectadores e leitores serão convidados a votar em suas iniciativas favoritas.

O vencedor do World Challenge deste ano será anunciado em uma cerimônia de premiação na Holanda, em dezembro. A cerimônia será transmitida pela BBC World News e detalhada na Newsweek do mesmo mês.

Acesse o site do World Challenge (em inglês).